Semana de 4 Dias Mostra Resultados Positivos em Empresas do Reino Unido e Portugal

Modelo reduzido aumenta produtividade, bem-estar e já é adotado de forma permanente por muitas organizações
O experimento da semana de trabalho de quatro dias vem ganhando destaque internacional ao apresentar resultados positivos tanto em produtividade quanto na qualidade de vida dos trabalhadores. Iniciativas realizadas no Reino Unido e em Portugal mostram que a redução da jornada, sem corte de salários, pode ser não apenas viável, como benéfica para empresas e funcionários.
No Reino Unido, um estudo coordenado pela organização 4 Day Week Global, em parceria com pesquisadores da Universidade de Cambridge, do Boston College e da Think Tank Autonomy, envolveu 61 empresas e cerca de 2.900 funcionários. Após seis meses de testes, 56 empresas (92%) optaram por manter o modelo. Segundo os organizadores, as receitas dessas empresas se mantiveram estáveis ou cresceram em média 35% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Os dados mostram que a produtividade se manteve igual ou melhor em grande parte dos casos, ao mesmo tempo em que houve queda nos níveis de estresse, esgotamento e absenteísmo”, afirma o professor Brendan Burchell, da Universidade de Cambridge, que participou do estudo.
Entre os exemplos está a empresa britânica de marketing Tyms, que relatou um aumento de 22% na eficiência operacional. Já a Atom Bank, uma instituição financeira digital, foi uma das primeiras a adotar o modelo de forma definitiva ainda em 2021 e viu melhorias significativas na retenção de talentos.
Em Portugal, o governo iniciou em 2023 um programa-piloto em parceria com o Observatório para as Condições de Trabalho e Vida (OCT). Participaram 39 empresas voluntárias dos setores de tecnologia, consultoria, comércio e indústria. De acordo com o relatório preliminar divulgado no início de 2024, mais de 60% dos empregadores afirmaram notar aumento na produtividade, enquanto 95% dos funcionários relataram maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
“O piloto português mostrou que, com planejamento e foco em eficiência, é possível manter ou até melhorar o desempenho com uma jornada reduzida”, declarou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
Especialistas ressaltam, porém, que a adoção da semana de 4 dias não é uma fórmula única e deve considerar o setor de atuação, o modelo de negócio e a cultura organizacional. Ainda assim, a crescente adesão e os dados positivos vêm pressionando governos e empresas a repensarem o modelo tradicional de trabalho.
À medida que o mundo corporativo busca alternativas para lidar com os desafios do esgotamento profissional e da demanda por maior flexibilidade, a semana de quatro dias se firma como uma possibilidade concreta e embasada para o futuro do trabalho.